Palavras e Expressões

Muitas palavras e expressões morreram em minha garganta antes mesmo que eu pudesse fazê-las andar para criar no mundo da manifestação os anseios do meu coração.

Muito foi purificado para que finalmente eu deixasse de me resgatar nas pessoas com as quais me relacionei na linha do tempo dentro disto que chamo presente vida. Não há nenhuma necessidade de perdão eu sei, mas quem sabe ainda, muito obrigado por terem sido, mesmo quando não quiseram ser.

Olhando deste agora do tempo, a jornada pareceu um tanto longa. Desde os tempos em que minha mãe, anjo da terra que traz o verde nos olhos e me arrastava pelas ruas da pequena cidade onde morávamos, enquanto eu chorava e berrava ao tentar derrubar os sistemas de crenças que por nossas raízes e razões, insistíamos em manter contratados, até chegar a possibilidade à minha frente, a de criar tudo que está também, além dos anseios do coração, esperando, quem sabe, apenas um sim derradeiro.

Consegui dissolver muitos dos padrões com espírito de intenção ao olhar carinhosamente para a criança que agora é acariciada em berço esplêndido. O espaço do entendimento afrouxou o maior e último vínculo a ser liberado para que a ponte de concreto se quebrasse e eu fosse ejetado para o universo criador, onde formas de luz perdem sua proporção material em função das energias criativas do campo potencial do vir a ser. Poderoso é ser mãe que dá luz à consciência do Todo. Poderosa que não precisa de ninguém para tomar conta porque é em si mesma por si mesma. Bom também foi ter nesta quebra, a mão que segurou a minha de maneira mais íntima na legítima partilha do entendimento silencioso de que tudo é aquilo que é, e neste é, eu fui, ele ficou. Ainda assim, também de forma diferente, madura e enriquecedora para ambos porque esteve presente a energia da conclusão que sempre reserva lugar sem mesmo necessitar de intenção.

É um tanto estranha a sensação de deixar as experiências da velha terra para trás, ainda que alguma nuance de tristeza possa se mesclar; percebo que na intenção consciente de co-criar, uma facilidade acontece dando suporte ao seguir adiante. À medida que vou fazendo andar minhas expressões, minhas palavras, à medida que também vou dando a luz a mim mesmo na bela e exuberante nova terra que esteve separada de mim no sonho que sonhei. Sonhando novamente, o mestre sábio do sonho me conta da dual idade tornando-se a integral idade onde há muito amor, tantos e incondicionais amores, tanto aos que escolhem se deixar, aos que escolhem ficar e também e principalmente, aos que escolhem co-criar.

Namastê
Eu Sou Carlos Moraes